Vivi até meus dezesseis anos em uma cidadezinha no interior de Pernambuco chamada Vertentes. Mas, um belo dia, meus pais decidem se mudar para uma cidade maior aonde eu e meu irmão teríamos acesso a um colégio melhor. E o meu drama foi o mesmo que o da maioria das pessoas que passa por esta situação.
Eu não queria ir embora e deixar minha casa, minha família (avós, tios, primos), minhas amigas... meu namorado! Pensar em ter que ir para um lugar bem longe de todas as pessoas que você ama é desesperador, e eu entendo isso por experiência própria. Mas quando não há saída, o que nos resta fazer é descobrir a melhor maneira de lidar com tudo isso.
A melhor maneira que eu achei foi de tentar trazer comigo um pedacinho de tudo o que eu amava naquela cidade. Tirei fotos em meus lugares preferidos, guardei cartas e objetos que lembravam meus amigos de infância e meu namorado, peguei até uma rosa da minha roseira que havia plantada no jardim e deixei que ela secasse para guarda-la. Ainda está lá na minha caixinha de lembranças até hoje, trazendo recordações da minha antiga casa.
A despedida do meu quarto foi a mais difícil de todas. Por mais que você leve todos os seus móveis e os organize exatamente da mesma forma que estavam no quarto antigo... nunca é a mesma coisa. Parece que as paredes têm uma energia diferente, e você se sente em um lugar diferente. De repente bateu em mim aquela nostalgia, e quando eu olhei as paredes vazias daquele quarto que me acompanhou durante minha infância e adolescência, eu comecei a chorar.
Ah, se aquelas paredes falassem! Contariam histórias maravilhosas sobre nossas danças em frente ao espelho, sobre como temos que tirar todas as roupas do guarda roupa para escolher o que vestir na festa, ou até mesmo aquele dia em que passamos a noite inteira acordadas chorando por causa de uma desilusão amorosa. O dia que caiu o nosso primeiro dente, a surpresa da nossa primeira menstruação, a primeira festa de pijama... talvez até outras primeiras coisas.
Sim, naquelas paredes está a nossa história, mas elas também estão dentro de nossa cabeça, e essa não tem jeito, teremos que levar conosco para onde formos. Então encare isso como uma evolução. Você não está jogando fora suas lembranças, está seguindo em frente com a sua vida. Deixando para trás as coisas do seu passado, que foram incríveis e ajudaram a construir você, mas que hoje são apenas isso, passado. Recordações em sua cabeça. O que resta é ir atrás de novas paredes para deixarmos impregnadas nelas os novos capítulos de nossa história.
Se você tiver uma ideia ou sugestão de tema para o próximo post do No Divã, não deixe de comentar aqui e dar sua opinião, ou mandar um e-mail para o blog nos contando sua sugestão, sua história, suas dúvidas, seus problemas... Ficarei feliz em tentar ajudar.
Nah, eu já me mudei umas 8 vezes '-' nem sinto mais isso e.e
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