23 de jan. de 2013

No divã: Vou me mudar!



Vivi até meus dezesseis anos em uma cidadezinha no interior de Pernambuco chamada Vertentes. Mas, um belo dia, meus pais decidem se mudar para uma cidade maior aonde eu e meu irmão teríamos acesso a um colégio melhor. E o meu drama foi o mesmo que o da maioria das pessoas que passa por esta situação.
Eu não queria ir embora e deixar minha casa, minha família (avós, tios, primos), minhas amigas... meu namorado! Pensar em ter que ir para um lugar bem longe de todas as pessoas que você ama é desesperador, e eu entendo isso por experiência própria. Mas quando não há saída, o que nos resta fazer é descobrir a melhor maneira de lidar com tudo isso.
A melhor maneira que eu achei foi de tentar trazer comigo um pedacinho de tudo o que eu amava naquela cidade. Tirei fotos em meus lugares preferidos, guardei cartas e objetos que lembravam meus amigos de infância e meu namorado, peguei até uma rosa da minha roseira que havia plantada no jardim e deixei que ela secasse para guarda-la. Ainda está lá na minha caixinha de lembranças até hoje, trazendo recordações da minha antiga casa.
A despedida do meu quarto foi a mais difícil de todas. Por mais que você leve todos os seus móveis e os organize exatamente da mesma forma que estavam no quarto antigo... nunca é a mesma coisa. Parece que as paredes têm uma energia diferente, e você se sente em um lugar diferente. De repente bateu em mim aquela nostalgia, e quando eu olhei as paredes vazias daquele quarto que me acompanhou durante minha infância e adolescência, eu comecei a chorar.
Ah, se aquelas paredes falassem! Contariam histórias maravilhosas sobre nossas danças em frente ao espelho, sobre como temos que tirar todas as roupas do guarda roupa para escolher o que vestir na festa, ou até mesmo aquele dia em que passamos a noite inteira acordadas chorando por causa de uma desilusão amorosa. O dia que caiu o nosso primeiro dente, a surpresa da nossa primeira menstruação, a primeira festa de pijama... talvez até outras primeiras coisas.
Sim, naquelas paredes está a nossa história, mas elas também estão dentro de nossa cabeça, e essa não tem jeito, teremos que levar conosco para onde formos. Então encare isso como uma evolução. Você não está jogando fora suas lembranças, está seguindo em frente com a sua vida. Deixando para trás as coisas do seu passado, que foram incríveis e ajudaram a construir você, mas que hoje são apenas isso, passado. Recordações em sua cabeça. O que resta é ir atrás de novas paredes para deixarmos impregnadas nelas os novos capítulos de nossa história.

Se você tiver uma ideia ou sugestão de tema para o próximo post do No Divã, não deixe de comentar aqui e dar sua opinião, ou mandar um e-mail para o blog nos contando sua sugestão, sua história, suas dúvidas, seus problemas... Ficarei feliz em tentar ajudar.

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